Depressão: o que é, causas, como tratar?
- Caroline Fruet De Antoni
- 16 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Tudo o que você precisa saber sobre depressão na perspectiva analítica

Qual é o conflito que aparece comumente na depressão?
A depressão é um sinal de que algo não está bem. É uma posição subjetiva em que a pessoa se encontra com alguma falta em si mesmo e/ou no outro. Diante desta falta há uma dificuldade do sujeito em lidar com suas idealizações, pois na depressão o conflito se dá entre o eu e o ideal do eu. Quando se depara com aquilo que não tem, distante de suas expectativas, se entristece, se sente impelido a desistir.
O que é depressão?
A depressão é uma forma de sofrimento psíquico, é essencialmente um afeto. Lacan preferiu o termo tristeza, bem como, para tratar esse afeto, utilizou o termo dor de existir, e falou sobre a posição subjetiva de desistência. Ela é passível de se manifestar na vida cotidiana quando a pessoa de depara com uma surpresa negativa que ocorreu em sua vida, um acaso, uma perda, enfim, algo que tenha constituído para ela um abalo narcísico, um insucesso, um fracasso - referente a si mesma ou a sua relação com os outros. Qualquer coisa pode engendrar uma perda, seja a perda de prestígio e de reconhecimento, seja de um objeto de amor, seja de um ideal, enfim de uma posição na qual o sujeito obtinha alguma satisfação. Concomitante a essa perda, a pessoa também perde seu suporte imaginário, e então responde à isso se inibindo/restringindo no que tange as funções: profissional, sexual, de nutrição ou de locomoção.
Freud e Lacan entendem que na depressão o afeto está deslocado, a deriva, distorcido, e o que é recalcado são as ideias, os significantes que o amarram.
O que Freud fala sobre depressão?
Freud dedicou-se ao estudo da depressão e melancolia desde seus primeiros estudos, aparecendo esse tema nos seguintes textos: Correspondências completas a Fliess (1887-1904) e Luto e melancolia (1917). Depois retoma a questão para entender o que produz dor e sofrimento em Além do principio do prazer (1920), O ego e o id 1923, Inibição sintoma e angústia (1926) e Psicologia das massas e análise do eu (1920-1921). A fim de encontrar um fundamento para os fenômenos depressivos Freud traçou um paralelo clinico entre o luto e a melancolia. Justificou essa escolha devido ao fato do sujeito enlutado apresentar sinais de depressão diante da perda. É importante situar a noção freudiana da depressão como um fenômeno especifico, e que se pode esperar diferentes manifestações dela segundo cada estrutura do sujeito. A depressão é um tipo de inibição e aparece quando fracassa a estratégia do sujeito de ancorar-se.
Tratamento para depressão
Deve se verificar no um a um da experiencia analítica o que precipitou a depressão, o que a fez desistir de suas ideias, o que a colocou em posição de fuga. Nosso trabalho consiste em ajudar o paciente a se situar a partir de suas perdas, a elaborar lutos, retificar sua posição. A psicanálise faz sair da impotência, trata-se de uma preciosidade impar, suficiente para fazer com o que o sujeito viva a essência de sua unicidade. Esse é o ganho de um sujeito analisado.

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